É inegável que o poder público tem de assumir a sua responsabilidade em relação à questão da dependência química e com muito atraso, pois apenas a partir dos anos 2000 que esse tema é reconhecido como um grave problema de saúde pública. Mas, desconsiderando os fatores culturais, sociais e econômicos (miséria e desemprego, por exemplo), que levam as pessoas a usarem drogas, queremos fazer aqui uma reflexão de fundo comportamental e a inversão de valores, numa sociedade que privilegia cada vez mais o “ter” em detrimento do “ser”.
O recente caso envolvendo universitários xingando e ameaçando a estudante paulista do curso de turismo, por usar um vestido curto, chegando ao ponto de ser escoltada pela polícia para deixar a escola, nos remete a uma reflexão dos valores de nossa sociedade. Ao mesmo tempo em que se cultua a nudez em diversas formas (novelas, outdoors, revistas), explora-se na mídia a gravidez independente de artistas (Ivete Sangalo e Xuxa) e o sexo é o grande atrativo dos programas de TV; estudantes cometem um ato de agressividade, em nome da “moral e dos bons costumes”. Diante destes fatos e contradições chegamos a uma triste conclusão: os jovens estão sem referência.
O fato é que, sem querermos entrar no mérito, se eram certos ou errados, havia nas gerações anteriores referenciais que norteavam a conduta de nossa juventude, como: virgindade, família, igreja, casamento e outros. Atualmente, em função da massificação em função do consumismo, avaliamos que os jovens estão órfãos de valores morais e éticos. Como espaço vazio é para ser ocupado apegaram-se ao consumo supérfluo, à cultura de que tudo é descartável, do individualismo e do prazer a todo custo e a todo preço.
A busca deste prazer, sem temer as suas conseqüências, tem levado os jovens e adolescentes a iniciarem-se cada vez mais cedo no sexo e nas drogas, legais (principalmente o álcool) como as ilegais ( a exemplo da maconha, ecstasy, cocaína e mais recentemente, o crack). Estes fatos são incentivados por amplas campanhas publicitárias, como as das bebidas alcoólicas, sempre associadas às celebridades do momento, que passam a ser “indicativo” de alegria.
No contexto moderno assistimos à crise na família; célula primeira da sociedade, que está desestruturada. Não há diálogo entre pais e filhos, não há tempo e nem vontade para isso. O tempo é utilizado no trabalho para adquirir os ditos “bens de consumo”, tão exigidos na vida atual. O resultado não poderia ser outro: pais e filhos não se entendem; e a autoridade é contestada.
Depois destas considerações uma inquietude se coloca diante de nós: O que devemos fazer para mudar essa realidade? O que temos a oferecer aos nossos jovens e adolescentes para restabelecer os referenciais éticos e morais?
Acreditamos ser necessário e urgente, como responsabilidade de todos nós, gerarmos perspectivas, objetivos e metas para a nossa juventude e assim contribuiremos para restaurar os sonhos dos nossos jovens e adolescentes, que os levem a trocar as drogas por outra realidade, que de fato seja fonte de prazer e alegria. Uma nova realidade, duradoura e transformadora da sociedade em que vivemos.
Delfino Rodrigues
Vereador PT
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