Estamos de volta com o “Bate Papo Digital”. Para marcar o retorno escolhemos um tema bastante preocupante e de interesse mundial: “Efeito Estufa e o Aquecimento Global”. O nosso convidado especial é o Professor Elisson Prieto, do Instituto de Geografia da Universidade Federal de Uberlândia.
Os problemas climáticos vêm sendo discutidos e aprofundados a cada ano. Em dezembro de 2009, mais de 100 países participaram de um encontro considerado o mais importante da história recente dos acordos multilaterais ambientais pois teve como objetivo estabelecer o tratado para substituir o Protocolo de Quioto, vigente de 2008 a 2012. Trata-se da Conferência de Copenhagem (Dinamarca). Apesar dos resultados da conferência terem ficado aquém do esperado, a mesma pode ser considerada um momento de grande reflexão em o mundo.
As mudanças e os desequilíbrios climáticos são cada vez mais visíveis e a palavra de ordem é conscientização. Acompanhe o “Bate Papo” com o professor Elisson e entenda um pouco mais sobre os acontecimentos e o que pode ser feito para amenizar o problema.
Ações InFoco: Em primeiro lugar uma boa tarde e quero dizer que é um prazer estar com você no "Bate Papo Digital" para teclarmos de um assunto tão importante como este. O Clima no nosso planeta.
Elisson Prieto: O prazer é meu!
Ações InFoco: O aquecimento global é uma preocupação mundial. Mas o que verdadeiramente está acontecendo? O que está causando este aquecimento?
Elisson Prieto: Há diversas visões sobre o assunto. Cientistas que afirmam com convicção que o planeta está se aquecendo graças a emissões de gases do efeito estufa a níveis alarmantes e outros que dizem que nos próximos anos teremos um esfriamento. De fato, há uma preocupação ambiental e, em que pese, as visões diferentes, uma coisa é certa, a ação humana sobre os recursos naturais, isto é, o impacto da nossa produção agrícola e industrial sobre o meio ambiente, tem colocado em risco a nossa sobrevivência no planeta.
Ações InFoco: O que é Efeito Estufa?
Elisson Prieto: O efeito estufa é uma concentração de gases acima da atmosfera que retém parte dos raios solares e aquece o planeta. Ele é um fenômeno natural e importante para manter a nossa temperatura. O problema é que nas últimas décadas essa camada ficou mais "espessa" e, concentrando mais gases (como o dióxido de carbono que sai dos carros), ela ajuda a elevar a temperatura da Terra.
Ações InFoco: Sim, porque o objetivo do efeito estufa seria justamente manter o equilíbrio da temperatura no nosso planeta não é isso?
Elissonprieto: Sem o efeito estufa, a temperatura da Terra seria de -8 a -10 graus. Então ele foi e é fundamental para a vida no planeta.
Ações InFoco: O aquecimento global está sendo o assunto do século, mas objetivamente o que podemos fazer para minimizar o problema?
Elisson Prieto: Há muitas alternativas. É claro que o "problema" só poderá ser resolvido pela ação de governos e grandes empresas em escala mundial. Não podemos dizer que "só fazendo a nossa parte", o problema será resolvido, porque isso não é verdade. O aquecimento global está vinculado aos grandes desmatamentos como temos no Cerrado e na Amazônia e nas emissões de gases poluentes pelas grandes indústrias e produtoras de energia. O que melhor podemos fazer é cobrar de governos e empresas das quais compramos, o compromisso com a redução dessas emissões de gases.
Ações InFoco: Na sua opinião, a nível municipal, o que poderia ser feito por nossos governantes?
Elisson Prieto: Cada município deveria fazer um inventário (uma pesquisa) pra saber qual a sua emissão de gases poluentes e até propor acordos com empresas para reduzir e compensar essas emissões, por exemplo, com o plantio de árvores e implantação de parques urbanos e rurais. Além disso, cabe às cidades planejar melhor o transporte coletivo e o sistema viário (pra incentivar as pessoas a trocar o carro pelo ônibus ou bicicleta) e a ocupação de áreas de interesse ambiental, porque isso ajuda todos a terem uma qualidade de vida melhor.
Ações InFoco: O problema parece estar muito distante de nós. Qual a melhor forma de conscientizar a população? Se começarmos pelas crianças será possível chegar a um futuro? Como aproximar mais as pessoas do problema ambiental?
Elisson Prieto: A Conferência do Clima, realizada em Copenhagem (Dinamarca) agora em dezembro foi um passo importante para dar mais visibilidade aos problemas ambientais. Se não foi possível estabelecer um acordo mundial sobre o clima, pelo menos, o assunto ganhou as páginas e a TV de todo o mundo. Isso ajuda as pessoas a conhecerem e discutirem a questão. Mas, de fato, só estaremos próximos de um caminho equilibrado ambientalmente, quando as pessoas se sentirem parte do problema e resolverem atuar, cobrando e fazendo sua parte pra preservar o nosso meio ambiente. E pra isso, a Educação Ambiental, em todos os níveis escolares e também fora dela, é essencial.
Ações InFoco: Com certeza esta conferência foi de extrema importância, mas o assunto vem sendo discutido desde 1972, ano em que foi organizada pela ONU, a primeira conferência, que ocorreu na Suécia. Há mas de trinta anos o problema vem sendo discutido. Quais as mudanças que ocorreram durante este período?
Elisson Prieto: Até 1972, não existiam estudos mais aprofundados e até mesmo legislações sobre meio ambiente. A partir daquela conferência, é que governos, empresas e a população em geral passaram a ouvir falar e conhecer problemas ambientais. Quase tudo que temos de tecnologias ambientais (desde alternativas agropecuárias e industriais e fontes de energia), de instrumentos legais e de ações de educação ambiental, apareceu depois dessa Conferência em 72 e das posteriores, principalmente a Eco-92, que ocorreu no Rio de Janeiro.
Ações InFoco: Voltando à 2009, na Dinamarca, apesar de poucos resultados em se tratando de acordo mundial, o Brasil já deu seus primeiros passos. O que isso representa?
Elisson Prieto: O Brasil, numa atitude pró-ativa do governo brasileiro estabeleceu em lei – a Política Nacional de Mudanças Climáticas, uma meta de redução das emissões que varia de 36,1% a 38,9% até 2020. No mundo todo, essa iniciativa foi elogiada e pressionou outros países a apresentarem metas concretas. Além de ter um impacto positivo, essa decisão do governo vai criar condições (e muitas vezes, isso significa investir dinheiro) para frear o desmatamento, incentivar usos de energia de fontes alternativas e desenvolver tecnologias produtivas mais ecológicas.
Ações InFoco: Como a Universidade Federal de Uberlândia está contribuindo para a conscientização em defesa do Meio Ambiente?
Elisson Prieto: O papel da universidade é de articular a defesa do Meio Ambiente com suas atividades de ensino, pesquisa e extensão. Por isso, a UFU tem incluído conteúdos ambientais nos currículos dos cursos de graduação e promovido cursos de especialização, mestrado e doutorado na área ambiental. Além disso, diversos institutos, faculdades, laboratórios e grupos de pesquisa, desenvolvem trabalhos científicos e de extensão, visando a produção e disseminação de novos conhecimentos e tecnologias ambientais. Para 2010, por exemplo, teremos 2 cursos gratuitos de Educação Ambiental voltados a professores da rede pública. A própria UFU também nesse ano, deve elaborar sua Agenda Ambiental, com compromissos que ela quer assumir pra servir de exemplo a outras instituições.
Ações InFoco: O que você espera para a conferência de 2010 a ser realizada no México?
Elisson Prieto: Espero que os governantes, principalmente dos Estados Unidos e da China, entendam a importância de um pacto pela redução das emissões de gases poluentes, porque mesmo com controvérsias sobre seu peso nas mudanças climáticas, estamos incentivando alterar processos produtivos e formas de consumo que são responsáveis por degradar o meio ambiente há séculos, poluindo rios, terra e ar, e isso precisa parar.
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