Queremos aqui avançar na reflexão que temos buscado fazer sobre o tema “Dependência Química”. Assunto discutido e noticiado nos dias atuais, os casos de dependência química sempre aparecem associados à criminalidade, mas não podemos fazer sempre esta ligação.
O consumo, em sua grande maioria, das drogas lícitas, aceitas e incentivadas socialmente (álcool e tabaco), e ilícitas, como maconha e cocaína, é feito por pessoas que trabalham, estudam e levam uma vida normal, como qualquer outra que não faz uso, porém, estão sujeitas às conseqüências maléficas que a dependência provoca.
Não podemos esquecer das drogas prescritas pela medicina ou utilizadas por auto-medicação, pois uma vez utilizadas em excesso, podem gerar dependência, como os moderadores de apetite, antidepressivos, anabolizantes, entre outras.
Citaremos aqui, alguns dados noticiados pela imprensa e levantamentos de pesquisas científicas, que comprovam que a dependência química está presente em diversos segmentos da sociedade, e que não é problema apenas de uma parcela de marginalizados.
O Jornal Correio, de 03/02/2009, aborda a utilização de rebites pelos caminhoneiros para manterem-se acordados na sua jornada de trabalho. Segundo a reportagem, em uma ação da Polícia Rodoviária Federal (PRF) em Minas foram flagrados 93 caminhoneiros utilizando alguma substância estimulante, que causa dependência.
. Ainda em relação aos caminhoneiros, uma pesquisa da USP verificou que a cocaína é o novo rebite, utilizado por 3,5% dos profissionais pesquisados, enquanto a média de utilização na população em geral é de 0,7%.
Em 2009, no esporte, o Brasil quebrou o recorde de casos de doping, com 47 atletas flagrados, nas mais diversas modalidades. É o que mostrou o jornal Folha de S. Paulo, de 16/12/09. No futebol profissional, um jovem de 21 anos – o atacante Jobson do Botafogo – pode ter seu futuro profissional ameaçado, por ter sido pego pela segunda vez em exame de antidoping.
Por sua vez, a bebida alcoólica, nem sempre vista como droga, é na realidade uma grave questão de saúde pública e está sendo utilizada por camadas cada vez mais jovens da nossa população. Fato confirmado pela Pesquisa Nacional de Saúde do Estudante, realizada pelo IBGE, em conjunto com o Ministério da Saúde, e apresentada na Folha de São Paulo, de sua edição de 19/12/09. De acordo com o levantamento 71,4% dos adolescentes, entre 13 e 15 anos já consumiram bebida alcoólica, 24,2% fizeram uso do cigarro e 8,7% de drogas ilícitas.
Para tratar destas questões defendemos a formulação de políticas públicas, que atuem de forma integrada nas áreas de saúde, esporte, social, segurança, cultura e geração de emprego e renda. Mas que priorize ações preventivas, como a diminuição do acesso ao álcool pelo jovem, a restrição à veiculação de propaganda de bebida alcoólica nos meios de comunicação e a conscientização da família, para que não estimule o consumo em casa.
É preciso construir uma nova visão da sociedade e poder público em relação às questões das drogas, quebrando paradigmas e preconceitos, com enfoque principal no ser humano. Dessa forma, conseguiremos prevenir e amenizar os danos causados pelo consumo de drogas, licita e ilícita.
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